Depressão no ambiente escolar

Me perguntaram qual é a principal causa da depressão e como lidar com ela em ambiente escolar.

Há alguns componentes genéticos e outros oriundos de traumas passados. No entanto muitas pessoas têm tendência genética ou passaram por traumas e conseguiram superar. Por istso enfatizo que devemos cuidar daquilo do qual temos controle: nossa visão de mundo, nossa visão de nós mesmos e nosso comportamento.

A depressão é multifacetada é muitas vezes está escondida atrás de sorrisos. Em trabalhos de coaching, se as questões emocionais são muito intensas, é recomendável enviar para um psicólogo trabalhar em paralelo. Só em cursos e palestras, que são mais superficiais, fica difícil descobrir algo sem que exista uma queixa expressa ou cuidar de maneira apropriada de uma depressão.

O que pode ser feito é motivar os alunos para que preencham um questionário de autoconhecimento. Muitos destes questionários identificam comportamentos de ansiedade e depressão, o que é um início para a discussão a respeito.

A visão de nós mesmos podemos chamar de autoimagem. A autoimagem enfraquecida é uma das questões que afetam a ansiedade e podem causar depressão.

Por exemplo, no trabalho a ansiedade de execução é um das razões da procrastinação. Conheço muitos casos que aos funcionários foram pedidas tarefas e eles, não tendo coragem de pedir ajuda por não poder se desincumbir da tarefa, se sentiram desvalorizados e cairam em depressão. Isto também acontece em ambiente escolar. O medo de não ser bom, de não ser perfeito, de “estar abaixo da média” em uma sociedade competitiva que pontua todo comportamento, causa muitos suicídios no Japão e alguns por aqui também.

A ligação conceitual do valor pessoal entre o que entendemos por nós mesmos (o Ser), com o comportamento (o Fazer) e com as posses e resultados obtidos na vida (o Ter) é um dos principais problemas filosóficos da cultura cristã. Desde pequenos ouvimos uma criança ser chamada de “ruim” ou “má” porque quebrou um vaso ou expressou um momento de raiva ou indignação e que uma criança “boa” nunca faria isso.

Somos ensinados a ser bons sempre, a fazer o melhor, a buscar a perfeição. Se não conseguimos, desistimos de “ser bons” e podemos pensar em nos tornar “um dos maus”, por puro desespero. Se uma parte grande de nós ainda quer ser boa, ficamos divididos. E a depressão é uma das formas de expressar este conflito: entre a tentativa de ser “bom”, perfeito e o desejo de jogar tudo para o alto e ser “mau”. Em casos extremos isto pode levar a tentativas de suicídio.

Desconectar o Ser do Fazer e do Ter é fácil falar, mas está muito introjetado na personalidade humana e em nossa cultura. Requer uma compreensão clara de que somos, como dizem os americanos, um “work in progress”, isto é, uma “obra em progresso”.

Não deveriamos almejar a perfeição, a santidade, a Iluminação ou Consciência Cósmica, um Mestre, nos tornarmos o perfeito guru ou xamã. Este esforço costuma matar a verdadeira capacidade de melhoria que podemos ter. E pode nos deixar a mercê no mínimo da procrastinação e, em casos mais graves, da depressão e do burnout (desgaste devido ao trabalho).

Ao invés, com alegria e tranquilidade, devemos “brincar de melhorar” um pouco a cada dia. Isto nos ajuda a crescer e nos traz melhores resultados. Por isto que as crianças aprendem melhor quando brincam – e os adultos também.

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